GUARDA MUNICIPAL DE COSMÓPOLIS É DESTAQUE NO JORNAL TODO DIA.

MINUTOS DE FAMA
GMs são afastados após brincadeiras em vídeo
Site do You Tube mostra guardas dançando com armas em punho; eles viraram motivo de chacota
Claudete Campos - Cosmópolis
Captura de tela
Guarda de Cosmópolis se exibe durante gravação amadoraQuatro guardas municipais de Cosmópolis foram afastados de suas funções por 45 dias e serão investigados por comissão de inquérito porque aparecem em um vídeo no You Tube brincando com armas de fogo, inclusive com uma carabina 12, durante patrulha rural. Os guardas viraram motivo de chacota no município e causaram constrangimento à corporação. Foram afastados os três guardas que aparecem no vídeo e aquele que fez a filmagem caseira. Os nomes foram preservados. Até às 21h35 de ontem haviam sido registrados 4.024 acessos ao vídeo pela Internet. Com a repercussão negativa, a presidência da Câmara vai pedir informações sobre as providências adotadas pela prefeitura.
No vídeo, os guardas fazem brincadeiras ao lado das viaturas e nas proximidades de um canavial. Um dos guardas aparece dançando abraçado à carabina com o cano voltado para o chão, armamento que supostamente não poderia ser usado pelos patrulheiros. Um guarda confirmou que os patrulheiros passaram a ser alvos de chacota na cidade e o vídeo gerou constrangimento. Com a repercussão negativa, a segunda parte do vídeo não foi postada.
Em nota oficial à população, a Prefeitura de Cosmópolis informou que tomou conhecimento do vídeo veiculado na Internet no dia 28 de abril, no qual “guardas municipais praticavam condutas incompatíveis com a função”. E publicou a portaria 5.359 de designação de uma comissão de inquérito para apurar os fatos, apresentar relatório final e as providências cabíveis no prazo de 45 dias. Os guardas ficarão afastados pelo mesmo período.
“A Prefeitura de Cosmópolis lamenta os fatos ocorridos e destaca que está tomando as providências que o caso requer. Salienta ainda que a Guarda Municipal de Cosmópolis sempre foi motivo de respeito e orgulho da Administração Municipal e da população cosmopolense pelos inúmeros serviços prestados à comunidade e que fatos como o ocorrido não representam a conduta da corporação”, menciona a nota.
“Eu vi o vídeo. É escandaloso”. A afirmação é do presidente da Câmara de Cosmópolis, Renato Trevenzoli (PTB). “O vídeo é lamentável. Tem que ser tomadas providências porque denigre a imagem de toda a corporação por causa de um fato isolado”, ressaltou. Por isso, ele formulará requerimento na segunda-feira para pedir informações à prefeitura sobre as providências tomadas. Também quer saber se a carabina que aparece no vídeo é da corporação e se está registrada.
A Assessoria de Imprensa da prefeitura informou que o prefeito José Pivato (PT) viu o vídeo segunda-feira, convocou o departamento jurídico e abriu sindicância para apurar os fatos. O prefeito não comentou com a assessoria se vai pedir para tirar o vídeo do site. A reportagem deixou recado com o atendente da Guarda ontem à tarde, para o comando da corporação entrar em contato, o que não aconteceu até o fechamento desta edição e nem conseguiu localizar os guardas envolvidos.

Presidente de ONG diz ser reprovável

O presidente da ONG (Organização Não Governamental) Aquárius, Antonio José Miguéis, disse que os guardas tentaram fazer uma brincadeira, mas o caso tomou outra dimensão. Ele estranhou o uso de uma arma de grosso calibre pelo guarda sem autorização da Polícia Federal. Para ele, o caso demonstra falhas no comando.
“Como cidadão estou indignado e perplexo pelo que está sendo mostrado no site do You Tube. Isso é um absurdo. Um abuso inaceitável. Inadmissível. Reprovável. Armas de fogo têm seu uso específico e brincadeiras assim podem até configurar em crime. É o suado dinheiro do contribuinte usado para essas coisas num suposto patrulhamento rural, como é informado pelos próprios guardas no vídeo. E o que mais eles aprontam que não foi filmado?”, questiona Miguéis.
A entidade entrou com representação que se transformou em ação civil pública por indícios de inconstitucionalidade da corporação, como invasão de domicílio sem mandado de busca. Miguéis acredita que esta crise possa contribuir para a evolução da corporação, pois aponta necessidade de tratamento psicológico, maior controle das armas e regularização do porte. “Essa crise talvez sirva para botar o poder público na linha. A gente quer seriedade. Não quer truculência”, disse Miguéis.
O presidente da Câmara, Renato Trevenzoli (PTB), disse que os projetos de criação da Corregedoria e da Ouvidoria da Guarda foram aprovados mês passado. A criação dos órgãos é obrigatória para garantir a assinatura de convênio com a Polícia Federal para regularizar o porte.