22.1.10

AutoBAn "ficha" carros em rota de fuga do pedágio


O pedreiro Joaquim Pereira Lopes, de 47 anos, se surpreendeu ao passar pela estrada vicinal que faz a ligação entre Americana, Paulínia e Cosmópolis, e ter o carro 'fichado' por funcionários de uma empresa de consultoria. “Estou acostumado a ver isso dentro das cidades, nas rodovias, mas não numa estrada rural, que ainda está sendo pavimentada”, disse.

A Comap Consultoria foi contratada pela AutoBAn, concessionária que administra o sistema Anhanguera-Bandeirantes, para fazer o levantamento da quantidade e tipo de veículos que passam pelo local. A estrada, que era uma conhecida rota de fuga para a praça de pedágio da Anhanguera, em Nova Odessa, tornou-se a mais nova opção para quem também quer fugir dos pedágios recém-instalados na Rodovia General Milton Tavares de Souza (SP-332), em Paulínia e Cosmópolis. Pelo local passam desde motos e carros leves até caminhões.

A concessionária nega que o levantamento é por causa da rota de fuga. Segundo a assessoria de imprensa da AutoBAn, o trabalho visa abastecer o banco de dados da empresa sobre o fluxo de veículos nas rodovias concessionadas. Porém, a vicinal, que está sendo pavimentada pelo governo do Estado, não está sob o domínio da empresa, cujo lote de concessão foi um dos primeiros a ser lançado há cerca de dez anos. Atualmente, os novos lotes de concessão das rodovias paulistas colocam a manutenção de vicinais sob responsabilidade das concessionárias.

A Agência Reguladora de Serviços Públicos Delegados de Transporte do Estado de São Paulo (Artesp), responsável pela fiscalização das empresas concessionárias de rodovias, foi procurada para se manifestar sobre o assunto, porém até o fechamento da edição não retornou às solicitações. Para os usuários da estrada vicinal, o medo é que uma nova praça de pedágio seja instalada no local, tirando a única altenativa de fuga. Na praça da Anhanguera, o valor cobrado é de R$ 5,40.

Em Paulínia, o retorno para a cidade pela alça de acesso custa R$ 7,30, enquanto que, em Cosmópolis, graças a uma decisão da Justiça, o valor da tarifa está em R$ 2,50 (ida e volta). O vereador de Cosmópolis, João Batista Nunes Dourado (PT), integrante do movimento contra os pedágios, disse que vai cobrar explicações sobre a permanência da empresa na estrada e a finalidade do levantamento. “Esperamos que não seja mais outro pedágio porque, se for, não vamos permitir', disse. Ao todo, estão instalados três postos da empresa de consultoria: um mais próximo de Cosmópolis, nos canaviais da Usina Esther, outro próximo de Paulínia, perto do pesqueiro Escama de Prata e um em Americana, logo no início da estrada vicinal.

A prefeitura de Americana informou, por meio da assessoria de imprensa, que a AutoBAn solicitou a licença para fazer o levantamento. Como a estrada é municipal, o Município tem responsabilidade sobre a atuação e liberou o trabalho. O secretário de Transportes de Paulínia, Nelson Aranha, disse que sua secretaria não foi consultada pela concessionária, mas que hoje deverá verificar o caso pessoalmente.
Ninguém foi localizado ontem na prefeitura de Cosmópolis para comentar o caso

Venceslau Borlina Filho
Foto: Carlos Sousa Ramos/AAN)
Agência Anhanguera de Notícias

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